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Edição 15 site

lado palestino, incluindo represen- tantes e membros do parlamento, da minoria árabe em Israel. Gostaria de acrescentar que a ne- gociação entre palestinos e israelen- ses tem que se valer diretamente entre as partes, e não com outros pa- íses ou organizações internacionais. O lado palestino tenta “internacio- nalizar” o conflito, se dirigindo, por exemplo, às Nações Unidas e outras organizações internacionais. Mas não é com elas que os palestinos poderão atingir a paz, se não com Israel, tendo em conta que os dois lados são um elemento primordial e central deste conflito e, além disso, teremos que viver juntos e em boa vizinhança na região – por isso, a paz poderá chegar somente como resul- tado de um diálogo direto entre as partes, fazendo os dois lados conces- sões, que possam assegurar uma paz justa e duradoura para ambos. R.S. – No Brasil existe, na sua visão, uma convivência pacífica entre os judeus e imigrantes e descendentes de árabes? Yoel Barnea – As duas comu- nidades, no Brasil, contribuem ao progresso, prosperidade e bem-estar deste país amigo. Eu acho que aqui tem uma convivência entre as du- as comunidades, cooperação entre elas, e um entendimento muito am- plo sobre a vontade e a necessidade de uma paz justa e duradoura entre Israel, palestinos e o mundo árabe. Porém, as condições de coexis- tência entre brasileiros judeus e bra- sileiros de origem árabe neste país são totalmente diferentes das condi- ções que existem no Oriente Médio entre Israel e o mundo árabe. Os problemas são diferentes, as circuns- tâncias são diferentes, e por isso não podemos ter a pretensão de que essa existência pacífica no Brasil pode se “copiar” no Oriente Médio. R.S. – Segundo o Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há “O Brasil está recebendo um número importante de refugiados da Síria e de outros países, como o Haiti, além de países africanos. Este fenômeno pode ter alguma repercussão na realidade brasileira” mais de 107 mil judeus no Bra- sil, a segunda maior comunidade judaica da América Latina (atrás apenas da Argentina) e a 11ª no mundo. O Sr. acredita que com a atual crise no Oriente Médio, esse número possa subir ainda mais? Yoel Barnea – Este número de brasileiros judeus não mudou mui- to nas últimas décadas. Eu acho que os problemas do Oriente Médio não têm repercussão sobre este dado demográfico. Por outro lado, o Brasil está recebendo um número importan- te de refugiados da Síria e de ou- tros países, como o Haiti, além de países africanos. Este fenômeno pode ter alguma repercussão na realidade brasileira. R.S. – Com a migração em massa, o Sr. acredita que possa haver o risco de conflitos fora do Oriente Médio? Yoel Barnea – Um dos alvos dos movimentos terroristas provenientes do Oriente Médio é a “exportação” do conflito fora dessa região. Os re- fugiados da Síria, por exemplo, vêm ao Brasil para encontrar um novo lar, para eles e famílias, frente aos peri- gos de vida e a violência na pátria síria – devem ser bem-vindos. Po- rém, se entre eles há elementos que possam influenciar negativamente a realidade do Brasil e o entendimen- to entre as comunidades locais, po- dendo ser um perigo também para a comunidade judaica local e Israel, deve-se tomar medidas para evitar a “exportação” do extremismo, do fa- natismo e do radicalismo a estas ter- ras hospitalares do Brasil. R.S. – O Sr. acha previsível um novo 11 de setembro em al- guma outra parte do mundo? Yoel Barnea – Infelizmente, eu acho que um novo 11 de setembro pode acontecer, porque vivemos num período muito conturbado do ponto de vista político, religioso e social, em muitas regiões do mun- do, incluindo o Oriente Médio. Os países de boa vontade que acredi- tam no diálogo, na democracia e na paz, ainda não encontraram os meios para combater, de uma ma- neira eficiente, os fenômenos do terrorismo internacional. Por isso, minha impressão é que o terrível atentado pode se repetir, mesmo que os países afetados tenham aprendido certas lições sobre o ter- rorismo internacional, representa- do pelo EI, Al-Qaeda, Talibã, Hez- bollah, Hamas e outros. R.S. – O Sr. acredita que seja possível existir paz no Oriente Médio algum dia? O que seria necessário para isto? Yoel Barnea – Dizem que a es- perança é a última que morre. Por isso, eu estou certo que podemos atingir uma paz duradoura para todos os povos e estados do Orien- te Médio. Para isso, todos os lados envolvidos, incluindo palestinos e israelenses, devem fazer concessões comuns, que não ponham em peri- go a existência e a segurança de to- dos os estados da região. O Estado de Israel e sua popula- ção são um fato e uma realidade. O mundo árabe e muçulmano deve se confrontar com esta realidade, por- que nem israelenses, nem palesti- nos vão sumir do Oriente Médio. A solução reside em um diálogo since- ro, construtivo e direto entre as par- tes, para poder transformar a região em um oásis de cooperação e paz. Dezembro | 2015 41

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