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Edição 15 site

co do Iraque e da Síria), que afirma ter autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo, embora tal autoridade não seja reconhecida internacionalmente. Após centenas de mortes em ata- ques terroristas, demolição de mo- numentos e a dizimação de tribos e comunidades praticamente inteiras, a mais recente consequência da atu- ação deste grupo é a onda migra- tória, principalmente de cidadãos sírios, que fogem da guerra e da mi- séria causada por ela. Segundo o Al- to Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), ao final de 2014, o número de pessoas for- çadas a deixar suas casas por guer- ras, conflitos e perseguições atingiu recorde de 59,5 milhões. Isso signi- fica que 1 em cada 122 indivíduos no mundo é atualmente refugiado, deslocado interno ou solicitante de refúgio. Com todas essas pessoas buscando paz e liberdade na Europa e em outros continentes – até mes- mo no Brasil –, o mundo passou a ter outro tipo visão em relação aos conflitos no Oriente Médio. Em entrevista exclusiva para a Revista SINCOMAM, o Cônsul Ge- ral de Israel em São Paulo, Yoel Bar- nea, fala não apenas sobre o proble- ma Israelo-Palestino, mas também sobre outras questões do Oriente Médio e chega a afirmar que acredita que ainda possa acontecer um novo “11 de setembro” em algum lugar do mundo, já que, segundo ele, “vive- mos num período muito conturbado do ponto de vista político, religioso e social, em muitas regiões”. Revista SINCOMAM – O Ori ente Médio é uma região marcada há tempos por conflitos motivados por diferenças religiosas e dis- putas territoriais. Nos últimos anos, no entanto, com o início da atuação do grupo Estado Is- lâmico, a região tem ganhado mais notoriedade internacional e agora, com a crise migratória dos sírios, o problema passou a afetar diretamente o Ociden- te. Como o Sr. vê essa mudan- ça de visão do Ocidente sobre o Oriente? Cônsul Yoel Barnea – Infeliz- mente, o Oriente Médio foi marca- do neste último século (desde 1915) por diversos conflitos: os resultados da Primeira Guerra Mundial, com respeito a territórios em mãos de algumas potências ocidentais, como França e Grã-Bretanha; o retorno gradual dos judeus à terra de seus antepassados; os desenvolvimentos internos no mundo árabe; a radica- lização nacional e religiosa; a cons- cientização nacional dos palestinos (resultado direto do movimento da autodeterminação judaica desde finais do século XIX) e também a penetração das ideias democráticas e ocidentais neste período. Muitos desses movimentos não chegaram a uma solução clara e de- finitiva e por isso o Oriente Médio se transformou numa região de grande instabilidade. O surgimento de gru- pos fanáticos, extremistas e radicais, como o Estado Islâmico, fundamen- tados sobre a religião, agravaram ain- da mais a situação de instabilidade. O problema Israelo-Palestino é so- mente um dos conflitos no Oriente Médio e não é, de jeito nenhum, o mais importante ou central desta região. Sem dúvida nenhuma, seria positivo e indispensável resolvê-lo o mais rápido possível, porém, mesmo encontrando um arranjo ou acordo entre palestinos e israelenses, fica- riam ainda presentes outras ques- tões, como a guerra civil na Síria, os conflitos no Iêmen e na Líbia, a nuclearização do Irã, o terrorismo islâmico e a instabilidade interna em vários países na região. R.S. – Como a escalada do terror, promovida por este gru- po, tem afetado o Oriente como um todo? O senhor acredita que o clima de tensão na região atin- giu, hoje, um novo patamar? Yoel Barnea – Não há dúvida al- Dezembro | 2015 39 que aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, pelo grupo terro- rista Al-Qaeda, iniciou-se uma ver- dadeira escalada de terror. Em 2013, o enfraquecimento da Al-Qaeda, no Iraque, após a derrubada do ditador Saddam Hussein, fez surgir outro grupo, o Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês para Estado Islâmi-

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