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bualRevisitado110414

9 Bual Bual foi o meu familiar mais próximo nesta latitude espiritual onde me encontro, respiro, ouso, morro, renasço, existo, parto… E se chama poesia, sentimento, crucificação, encanto. Para ele o Amor era redondo. Para mim ilimitado. Ambos os conceitos sem espaço para o obtuso, nem para o quadrado. Havia, sim uma sintonia de estrelas que nos intuía, uma sensibilidade ombreada onde o vulgo morria, a Primavera acenava. Eu vomitava ouro. Ele incendiava esmeraldas. Bual era habitado por uma tempestuosa generosidade: — brusca oportuna, sábia, indelével, humana. As águas verdes da ternura só eram navegáveis na rebentação serena da sua genialidade. O azul escorria pelos caminhos da proximidade afectiva. Um azul intimista apaziguador que as partidas acinzentavam. Pintava convulsivamente: - Corpóreas angústias inquietantes estados de alma, paixões controversas, auroras frutíferas, malmequeres deslumbrados. Sempre numa atitude de viagem de busca interminável. Plena. Entre o cigarro e a melena - ancorava para depois voar mais alto vísceras ao vento, de sangue quente abraçava a transcendência rumo ao insondável. Místico por excelência, de uma autenticidade sem tréguas. Cristo era o primeiro poeta. Imagem persistente que havia nos seus olhos e sempre aflorava em gestos pictóreos. Visionário, poeta, a tela era o seu abismo paradisíaco. Pintou com todas as cores o destino antecipado de todos os sofredores, em estâncias violentas, concertinas de sombra, lágrimas doces, crepúsculos de flores. Insisto nesse bailado de proximidade que nos habitava, numa amizade magna. (Como ele diria – Intocável! Bual – o meu grande e querido amigo) O meu sentimento é eterno. Não há morte, não há tempo, Primavera ou Inverno ou qualquer tipo de esquecimento. É eterno simplesmente! Apenas a saudade impera, ardeamena. O perfume desmedido das frésias Setembro… Rosas bravas de passagem. 26/03/2014 MConceição Baleizão

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