Please activate JavaScript!
Please install Adobe Flash Player, click here for download

bualRevisitado110414

4 Bual Artur Bual e o “sublime abstrato” Foi em Fevereiro de 1961, tinha eu 1 anos e nem sonhava em vir a ser jornalista, — quanto mais crítico de arte! — que tive o meu primeiro contato com a obra de Artur Bual, ao visitar, no dia 24 daquele mês, na Galeria Diário de Notícias, em pleno Chiado, uma exposição dos seus trabalhos daquela época. Levantei o pequeno, mas digno, catálogo e a impressão com que tinha ficado foi tão forte que não resisti a escrever no verso da capa, com a minha letra caligráfica da ocasião: «Óleos e guaches bastante expressivos. Impressão geral boa.» Em 1963 emigrei para Angola, donde só regressaria em 1981, e, como comecei a dar voz, no diário Correio da Manhã, onde estive 18 anos, aos artistas menos apoiados, acabei por frequentar o bar da Casa da Imprensa, onde, além de gente ligada ao teatro, à escrita e à música, parava um grupo de artistas mais ou menos conhecidos, — os pintores Júlio Pereira, conhecido também como o Caldeireiro, devido à sua primeira profissão, o Guilherme Parente, o Boavida Amaro, o moçambicano Roberto Chichorro, o serígrafo António Inverno, o fotógrafo José Luís Madeira, o escultor Carlos Soares, mais conhecido como o Irmão - cujo elo de ligação era um certo gosto pelo convívio e por uma vaga boémia, coisa que infelizmente parece estar a perder-se inexoravelmente. Foi neste ambiente que acabei por conhecer o Artur Bual, de quem me viria a tornar amigo, pelo seu feito pachorrento e afável, com algumas cenas de rezinguice pelo meio. Surpreendentemente, lembrava-me muito bem da sua obra e vi logo que ela tinha evoluído dentro dos mesmos parâmetros da sua exposição de 61, e, depois de muito vasculhar nos meus papéis de juventude, que tinham ficado na minha aldeia de Beira Valente, concelho de Moimenta da Beira, lá consegui encontrar o referido catálogo, que vim a oferecer à família do Bual, depois de o ter utilizado em fotocópias para compor a minha contribuição por ocasião da homenagem informal 0 Figura, que lhe foi feita em 1996 pela Câmara Municipal da Amadora. De vários modos, por muito que pese à crítica de arte oficial em Portugal, que naquela época apenas reconhecia os pintores de certas galerias, ignorando todo o resto que se fazia à sua margem, Artur Bual (Lisboa, 1926 - Amadora, 1999) acabou por ser um dos artistas plásticos portugueses que mais influenciou de forma determinante a arte em Portugal na segunda metade do século XX, mercê de ter sido coerente com a sua forma de se expressar livremente, identificado com um movimento que fez realmente escola, apesar de pouco apoiado pelos media – o gestualismo. Embora também escultor e ceramista, é como pintor gestualista que a sua obra artística é mais reconhecida. De vários modos, em Portugal, a palavra gestualismo identifica-se com o seu nome, como uma segunda pele, havendo a tendência de classificar a obra de qualquer pintor nesse

Sítio