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bualRevisitado110414

6 Bual a «nova evangelização», no que se refere à arte, implica um esforço no acolhimento da novidade inerente à pluralidade de linguagens da arte contemporânea” (9). Neste caso, a arte de Bual não é o reflexo direto de uma catequese ou teologia, mas há uma catequese e uma teologia que desencadeiam as representações bíblicas de Bual, com acentuadas dissonâncias doutrinárias. Mais uma vez, o artista «vinga-se» através da interpretação pessoal, usando os mesmos símbolos e uma nova linguagem. A liberdade de quem contempla os Cristos de Bual pode localizar-se fora dos «códigos» do artista. É natural que assim seja. O «jogo» da interpretação destaca o objeto do objetivo, como acontece com a Bíblia. Para o teólogo jesuíta e artista plástico Marko Ivan Rupnik, “neste mundo onde prevalece uma dialética entre o subjetivismo e o objetivismo, produzindo continuamente antagonismo e esboroamento, a beleza representa a plataforma de elaboração de um modo de pensar, sentir e criar – sobretudo de um estilo de vida – comunial, afirmando a unidade e, ao mesmo tempo, a diversidade” (10). A Bíblia é um tremendo arsenal iconográfico, literário e histórico. Um código de cultura, de uma estética ocidental sujeita a constantes metamorfoses. Pode ser orientada, reinterpretada e deformada para fins que, à primeira vista, podem ser-lhe estranhos. Falar de Transcendência em Bual, é aceitar que o «invisível» não tem limites, admitindo, embora, que o «invisível» só se faz «visível» através da limitação humana, que o artista procura vencer e ultrapassar. “Contemplar o mundo, contemplar a humanidade e exprimir essa contemplação através do traço, da cor, da arte”, diz António Pedro Botto, “é querer também levar os homens a essa sublime certeza de que aquilo que vemos é muito mais do que aquilo que vemos”. Nesta «chispa» de espiritualidade, tantas vezes renegada, reencontrou Neruda a mesma calma tormenta que terá conduzido as mãos de Bual na (re)construção do(s) Cristo(s): “Difundi-me, não há dúvida, troquei de existências, mudei de pele, de lâmpada, de ódios, tive que o fazer não por lei, não por capricho, mas sim por escravidão, acorrentou-me cada novo caminho, ganhei rosto à terra, a toda a terra, e de repente disse adeus, recém-chegado, com a ternura ainda recém-partida (…) Sabe-se que o que regressa não partiu, e assim na vida andei e desandei mudando de roupa e de planeta, habituando-me à companhia, à multidão desterrada, à grande solidão dos sinos” (11). Joaquim Franco Jornalista, investigador do CLEPUL e em Ciência das Religiões na ULHT Bibliografia (1) Álvaro, E. (200). Arte anti-destino. In Bual, Extractos da Obra. (p. 24). Oeiras: Valente Editores. (2) Ravasi, G. (2012). Beleza e mundo bíblico. In Marto. A., Ravasi. G., Rupnik, M. O Evangelho da Beleza. (p. 9). Lisboa. Paulinas Editora. (3) Cargaleiro, M. (200). Entre fronteiras do gesto/figurativo. In Bual, Extractos da Obra. (p. 23). Oeiras: Valente Editores. (4) Álvaro, E. (200). Arte anti-destino. In Bual, Extractos da Obra. (p. 2). Oeiras: Valente Editores. () Bual, A. (1964). A minha pintura está a acontecer comigo. In Cartaz. (6) Azevedo, C. (200, 22 de outubro). Evangelização, Fé e Cultura. Comunicação na conferência com o mesmo nome, realizada na Igreja Matriz da Amadora. () Marujo, A. (200). Do Cristo do pintor comunista à atração dos artistas pelo espiritual. In Público. 18. 4 – . Lisboa. (8) Azevedo, C. (2008). Ribeiros de Esperança. (p. 32). Lisboa: Editorial Paulus. (9) Clemente, M. (2013). Uma casa aberta a todos. (p. 112). Lisboa: Paulinas Editora. (10) Rupnik, M. (2012). Beleza e pensamento teológico. In Marto. A., Ravasi. G., Rupnik, M. O Evangelho da Beleza. (p. 121) Lisboa: Paulinas Editora. (11) Neruda, P. (19). Plenos Poderes. Trad. Luís Pignatelli. Lisboa: Dom Quixote.

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