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bualRevisitado110414

Bual sentido, como gestualista à Artur Bual. Razão tinha o crítico José-Augusto França, ao dizer, a propósito em 198, do I Salão de Arte Moderna na S.N.B.A., em 198, que Bual tinha tido «a coragem de navegar no mar alto» e tinha atingido com a sua nova maneira de pintar — e apontava o que a distinguia no conjunto do Salão: «um expressionismo cuja potência cenográfica se encontra(va) com a de uma corrente não figurativa de génese americana e pouca compreensão europeia». Essa corrente americana era o expressionismo abstrato que tinha, por sua vez, génese europeia (Hartung, Wols, Soulages, por exemplo), mas havia adquirido grande relevo na América com Tobey, Kline e Pollock, entre outros. Mais tarde, haveria de evoluir para o que é conhecido como gestualismo. Honra seja feita a José-Augusto França – pois, para além de meia dúzia de jornalistas ligados à cultura – sem a omissão (im)pertinente de Quirino Teixeira nem das citações obrigatórias do Fernando Guedes e do José-Luís Ferreira, não esquecendo o Joaquim Letria, cuja apresentação no programa televisivo Tal e Qual lhe abriu muitas portas – foi um dos únicos (se não o primeiro!) que teve consciência do valor de Artur Bual, como artista criador, tendo-o, inclusive, na sua tese “L’Art dans la Société Portugaise au XX ème Siecle”, — apresentada em 1963 na secção de Ciências Sociais da École des Hautes Études, de Paris, — citado como iniciador do gestualismo, e apontando-o como um dos nove pintores representativos das várias tendências do abstracionismo na pintura portuguesa. Embora fizesse muitas concessões a um certo gosto burguês pelo figurativismo e pela feição decorativa (por questões económicas, sobretudo) a verdade é que o Artur, sempre que podia dar aso à sua inspiração, o que pintava andava sempre à volta do que chamava “sublime abstrato”, que, no fundo, não passava de uma busca, através da cor, de um diálogo emocional com o espetador. De vários modos e contra muitos ventos e marés, que teve a sorte de ter tido como companheira uma mulher com a fibra da D. Guilhermina, Artur Bual embarcou num labor plástico absolutamente solitário, mas sempre sereno e firme, assentado finalmente numa elaboração construtiva da harmonia tonal capaz de estabelecer subtis acordes e contrastes de uma beleza apuradíssima. Ante a sua obra temos a sensação de lenta e gradual gestação criativa, algo que explica a transcendência plástica e concetual saliente na sublimação dos seus últimos trabalhos. O Artur, mesmo quando utilizava os tons mais escuros e frios que conseguia descobrir, conseguiu submergir-nos num universo luminoso, onde uma rede reticular acolhe a musicalidade de um ritmo tonal melódico, lírico e vibrante, num amplíssimo repertório de sensibilidade plástica levado a cabo com uma surpreendente economia de recursos expressivos. Rodrigues Vaz

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